O projeto de pesquisa do Icesp “Impacto de Programa de Tratamento da Trombose Associada ao Câncer sobre Desfechos Clínicos em Pacientes Oncológicos de Duas Instituições Públicas do Estado de São Paulo” foi aprovado pelo Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON) e inicia sua primeira fase. No estudo, será analisada a aplicabilidade de um protocolo relacionado ao tratamento do tromboembolismo venoso associado ao câncer em dois centros, o Instituto do Câncer e o Hospital Amaral Carvalho, localizado na cidade de Jaú, no estado de São Paulo.
O tromboembolismo venoso (trombose) é a obstrução das veias profundas ou superficiais por um trombo (coágulo de sangue), que dificulta o retorno do sangue da região atingida ao coração, geralmente causando inchaço, dor, vermelhidão e sensação de peso no local. Em cerca de 50% dos casos, ele não produz sintomas, sendo descoberto por meio de exames para avaliar o tumor.
O câncer aumenta o risco de complicações tromboembólicas em pacientes em fase de tratamento ou antes do diagnóstico e, algumas comorbidades, como diabetes, obesidade, entre outras, que podem contribuir para a oclusão dos vasos.
Dividida em duas fases, a pesquisa prevê a replicação da implementação do Protocolo de Tratamento do Tromboembolismo Venoso (TEV) no Paciente Oncológico, instituído em 2018 no Icesp, em um centro parceiro, neste caso, o Hospital Amaral Carvalho. Ela inclui não só o compartilhamento de informações do protocolo, como o treinamento dos profissionais que atuam no tratamento de indivíduos acometidos por câncer, além de avaliar o conhecimento sobre trombose associada ao câncer no decorrer do estudo, a qualidade de vida dos pacientes e adesão ao tratamento, os desfechos clínicos (recorrência de trombose e sangramento associado à anticoagulação), custos do tratamento, e visa analisar se é factível difundir o protocolo já implementado no Icesp.
Como funcionará o projeto?
O projeto tem duração de 36 meses e é esperada a captação de cerca de 780 pacientes com trombose associada ao câncer. Na primeira fase, a pesquisa irá avaliar os resultados do centro parceiro antes da implementação do protocolo e, em sua segunda fase, serão avaliados os resultados após a sua implantação.
De acordo com a médica hematologista do Grupo de Trombose e Hemostasia do Icesp Dra. Cynthia Rothschild, cerca de 20% dos pacientes com câncer podem desenvolver trombose. Ela ressalta que um dos objetivos da pesquisa é justamente capacitar os profissionais para o tratamento adequado da condição clínica, além de reforçar o protocolo como forma de melhoria para o manejo da doença.
A captação dos pacientes será feita a partir do diagnóstico de trombose associada ao câncer e para isso será necessária uma atuação multidisciplinar para se encontrar os potenciais candidatos. Em seguida, eles serão contatados e convidados a participar do projeto.
“Nossa intenção é reduzir os casos e recorrências de trombose e minimizar a ocorrência de sangramentos relacionados ao uso de anticoagulantes, reduzindo suas consequências sobre o tratamento oncológico destes pacientes, bem como o custo geral desse tratamento. A expectativa é de que, ao final da pesquisa, a gente possa confirmar a importância de se adotar o protocolo como uma referência para o tratamento da trombose associada ao câncer e, assim, contribuir para uma política pública voltada para o tratamento dessa condição”, finaliza Dra. Cynthia.