Foi realizado no Instituto um Curso de Letramento Racial. Direcionado para a equipe multiprofissional envolvida no cuidado de pacientes da Oncoginecologia, estava aberto também para profissionais de outras áreas. As aulas foram ministradas em maio e junho, e finalizadas no dia 25 deste mês.
A formação faz parte do projeto de pesquisa “Raced – Redução de Iniquidades no tratamento do câncer de colo de útero: o impacto da navegação oncológica com letramento racial”, da médica assistente do grupo de Diversos da Oncologia Clínica do Icesp, Dra. Abna Vieira. Este projeto é contemplado por um programa de subsídios de pesquisa clínica financiado por uma fundação, uma organização sem fins lucrativos, associada a uma empresa biofarmacêutica global, para a redução da disparidade racial no câncer.
O estudo visa avaliar o impacto de medidas antirracistas — navegação oncológica com letramento racial, feedback raça-específico e sistema de alerta para demandas não atendidas — na disparidade racial no tratamento oncológico de pacientes com câncer do colo do útero (CCU) estádio FIGO IB2 a IVA, histologia epitelial.
A formação visa promover o letramento racial crítico dos profissionais de saúde do Instituto, abordando impactos históricos, estruturais e de outras formas de discriminação no cuidado oncológico.
“Tendo em vista que mais de 56% da população brasileira se autodeclara como negra (pretos e pardos), e que mais de 70% dos usuários do SUS são negros, cursos como esse são fundamentais para fomentar práticas clínicas e institucionais antirracistas, culturalmente competentes e alinhadas aos princípios dos direitos humanos e da equidade em saúde. Nosso objetivo é seguir prestando um cuidado oncológico centrado no indivíduo, alinhado às necessidades das pessoas assistidas por nós”, explica a Dra. Abna Vieira.
Entre os principais temas abordados nos quatro encontros do curso estavam racismo estrutural, interseccionalidade, desigualdades em saúde e competências para o cuidado equitativo. Também foi tratado nas aulas, pelo palestrante e cofundador do Instituto DIS, Danilo Oliveira Pontes, sobre teoria crítica da raça, viés inconsciente, atravessamento referente a gênero, consequências para o tratamento e desigualdades em saúde, entre outros assuntos.